(E cá vai a continuação, a segunda parte do conto)
No dia seguinte o Cristiano vai passear por Lisboa pois há
greve na sua escola. Como tem passe vai a Benfica, Carnide, Belém, entre outros
lugares. Leva duas sandes para comer na sua viagem, sai de casa às 10h e chega
por volta das 18h. Quando chega a casa come mais alguma coisa e vai pensando em
como perguntar ao pai acerca da chave do sótão. Tem uma ideia; vai pô-la em
prática essa noite quando o pai chegar a casa.
O pai chega, eles jantam e, durante o jantar, pergunta ao
pai:
- Pai, eu perdi uma coisa e tenho a certeza que está cá em
casa mas já procurei por toda ela e ainda não a encontrei, é capaz de estar no
sótão porque foi o único sítio onde eu ainda não procurei. Podes me dar a chave
para eu ir lá?
O pai olha para a mãe com um ar suspeito e diz:
- Deixa estar, filho, eu vou lá e vejo se encontro isso.
Diz-me lá o que é que perdeste – responde com um sorriso.
-Não dá, só eu é que sei como é que é isso, é um brinquedo
meu. Tenho de ser eu a ir lá, vá lá pai, por favor.
- Depois vejo isso, está bem? Eu agora tenho de preparar as
coisas para amanhã.
- Está bem.
Passam cinco dias e o pai não volta a tocar no assunto. Na
escola a Paula volta a falar com ele sobre aquele assunto e ele diz que vai
insistir naquilo, talvez usando outro método.
Nesse dia, quando o pai chega a casa o Cristiano vai logo
perguntar-lhe:
- Pai, então e o meu brinquedo? Ainda não me disseste mais
nada.
- Eu andei lá a ver e não encontrei brinquedo nenhum.
- Está lá sim, pai. Dá-me a chave que eu vou lá ver.
Descubro logo, é num instante.
O pai vê-se que está sob uma enorme pressão e lá acaba por
aceitar.
- Está bem, mas eu vou lá contigo.
À noite sobem as escadas e o pai tira a chave do sótão do
bolso e abre a porta. Eles entram e o Cristiano começa claramente à procura de
alguma coisa. Revista cada recanto dele, com o pai encostado a um canto do
sótão. Quando ele decide ir procurar ao pé do pai, ele diz-lhe que ali não está
nada.
- Filho, aqui não está. Eu e a tua mãe já estivemos a limpar
esta zona e não está cá. De certeza que não perdeste na rua?
- Não, pai. Eu nunca levo aquele brinquedo para a rua,
sempre ficou cá em casa. Vá lá, deixa-me ver atrás de ti.
- Não, não e não. – diz de modo autoritário – Acabou-se a
investigação, vamos embora, já se viu que não há cá nada.
Mal ele se desencosta cai alguma coisa no chão e o Cristiano
vai logo apanhá-la.
- Pai, isto é a Mona Lisa!!!
- Não é nada, filho. É uma cópia barata dela.
- Não é, esta é a original, ela segue-nos com os olhos para
onde nós vamos, dá para ver.
- Filho, isso é uma ilusão de óptica. Até em cópias dá para
fazer. Vamos embora, vá.
O pai pega nele e leva-o de volta a casa.
- Pronto, já viste que não está lá o teu brinquedo.
Procura-o melhor no teu quarto, é capaz de lá estar.
- Mas, pai, eu tenho a certeza.
- Não, não tens, filho. Eu tenho a certeza que não é, pois
comprei-o a uma pessoa de confiança que me garantiu que é uma cópia do
original.
O Cristiano não pára de pensar naquele quadro e parece mais
alguns ao pé mas como o pai quase o expulsou para fora do sótão não deu para
ver os outros quadros. Ele presta bem atenção ao pai e tenta seguir a chave do
sótão para, com sorte, conseguir descobrir onde ele a põe. O pai entra no
quarto e, passado algum tempo, volta a sair. Estranha o filho estar ao pé dele
e pergunta-lhe o motivo.
- Pai, é que… Bem… Eu acho que aquilo é o original, mas tu
não acreditas em mim.
- Descansa, filho. Não é, confia no pai. – e põe-lhe a mão
sobre o ombro, sorrindo-lhe com um sorriso tão meigo que o filho acredita nele
e deixa de o seguir.
No entanto, à noite, o noticiário abre com uma notícia
alarmante: o roubo de inúmeros quadros de várias partes do mundo! O pai parece
nervoso, o que faz retornar a dúvida do filho sobre ele. Entre as obras
roubadas encontra-se uma muito especial e que faz o Cristiano ficar
estarrecido: a Mona Lisa!
Mas que dia aquele, primeiro encontra um quadro,
supostamente cópia, da Mona Lisa. Depois aquela notícia do roubo de vários
quadros. O Cristiano começa a lembrar-se dos vários supostos quadros que tinha
visto no sótão. Depois um deles ser a própria Mona Lisa. Tudo aquilo faz as
suspeitas dele fazerem sentido. Será que os pais dele fazem parte de uma
quadrilha que rouba obras de arte em todo o mundo? Mas para que quererão essas
obras? Vendê-las, destruí-las… Tudo lhe passa pela cabeça naquele momento.
Ele fica muito assustado e vai para o quarto, enquanto os
pais continuam à mesa a jantar. Fecha a porta e deita-se na cama a chorar.
- Será que os meus pais são ladrões profissionais de obras
de arte? – pensa para si próprio.
Entretanto alguém bate à porta.
- Filho, posso entrar? – é a voz da mãe.
- Não, quero ficar sozinho.
Ele continua a chorar até que acaba por adormecer. Ainda
sente um beijo da parte da mãe depois de já ter adormecido, mas não é o
suficiente para ele acordar, apesar de o sentir. Tudo aquilo o tinha deixado
muito cansado e exausto. Tudo tão estranho mas ao mesmo tempo tão claro.
(suspense... xD)