No dia a seguir fala com a sua amiga Paula sobre o que tinha
descoberto no dia anterior. Ela fica boquiaberta com o que ele lhe diz e
insiste em investigarem mais acerca desse assunto.
- Não sei, – diz o Cristiano – é que eles são meus pais e…
Não os quero prejudicar.
- Eu entendo. Mas é importante continuarmos para
descobrirmos o que eles estão a tramar pois alguma coisa se passa. Mas se não
quiseres continuar eu percebo.
- Não, vamos então. Também estou curioso e quero mesmo
saber.
- Então vá, temos de coordenar todas as nossas acções para
os conseguirmos apanhar. Temos de os seguir para onde eles forem. Tu ficas com
o teu pai e eu com a tua mãe. Amanhã não tiramos a vista de cima deles e até lá
tentas descobrir onde ele guarda a chave do sótão, entendido?
- Mas temos aulas de manhã.
- Isso não importa, podemos faltar um dia, é por um bom
motivo.
Ambos esperam aquele dia passar para poderem descobrir o que
os pais dele andam a tramar com aqueles quadros. O Cristiano tenta descobrir
onde ele guarda a chave, segue-o por toda a casa e vê-o a entrar para o quarto
com algo que lhe parece ser uma chave presa às calças. O pai troca de roupa e
ele a postos para quando o pai sair. Quando ele sai o Cristiano entra pelo
quarto dentro e tenta procurar em todos os sítios pela chave mas não a consegue
encontrar. Onde se terá metido a chave?
Acordam à hora normal de irem para a escola mas ficam os
dois à porta da casa dele à espera que os seus pais saiam. Sai primeiro o pai
às 7h45 e o Cristiano vai atrás dele. Os pais dele nunca explicaram bem no que
consistia o trabalho deles. A única coisa que eles diziam é que o importante
era nunca lhes faltar alimento e abrigo, o resto eram pormenores. Ele conta-lhe
que não tinha descoberto a chave, apesar de ter seguido o pai a tarde toda.
- Mas vi… Não, deixa estar – diz-lhe.
Depois disso vai atrás do pai, enquanto a Paula espera pela
mãe dele. Meia hora depois sai a mãe e entra para o carro. A Paula vai na sua
bicicleta mas rapidamente vê que não tem hipótese de a conseguir apanhar.
O Cristiano, por outro lado, consegue seguir o pai pois ele
vai de autocarro até ao trabalho. Enfia-se no meio da confusão secretamente
para o pai não dar por ele. Quando vê o pai a sair espera um pouco e segue
atrás dele, escondendo-se como pode. Andam bastante pelo mato até que ele entra
num barracão nas redondezas da cidade, perto do rio, e o filho encosta-se à
parede e liga à Paula.
- Onde estás? Conseguiste segui-la?
- Não, perdi-lhe o rasto. Ela foi de carro, não a consegui
acompanhar.
- Ok, não há problema. Vem ter aqui comigo. Estou… – e
explica-lhe onde ele se encontra.
Vê alguém a chegar e esconde-se para não ser visto. Depois
de a pessoa entrar tenta ouvir alguma coisa lá dentro mas não consegue. Dá a
volta ao barracão a ver que consegue encontrar alguma pista mas nada. Vê mais
alguém a aproximar-se. Não pode crer, é a sua mãe a chegar no carro.
- Mãe??? – reflecte atónito.
Tenta esconder-se para ela não o ver. Pouco depois chega a
Paula, ele chama-a e ela vai ter com ele.
- Então, o que se passou até agora? – pergunta-lhe ela.
- Nem imaginas, estão cá dentro os meus pais com outras
pessoas que não conheço de lado nenhum.
Escondem-se quando vêem mais alguém a chegar mas desta vez
tentam descobrir mais alguma coisa, aproximando-se da porta mal aquela pessoa
entra. Só conseguem ouvir “ML”.
- ML? O que será? – sussurra o Cristiano para ela.
Ela faz-lhe um gesto em como também não sabe e tentam
afastar-se sem dar nas vistas. Infelizmente pisam um galho de uma árvore ali ao
pé, o que faz alguém sair e os apanhar.
- Hey people, there are here two guys, not so smart as they
would – ouvem o homem dizer.
Aparece outro que diz:
- Eles não percebem inglês, Thomas. – e continua –
Espertinhos, mas daqui já não saem – e mal eles tentam fugir apanham-nos.
Levam-nos para dentro e qual é a surpresa dos pais dele
quando o vêem ali.
- Cristiano? O que estás aqui a fazer?
- Desculpem, eu só estava curioso e…
Antes de poder acabar um homem diz:
- Mas daqui já não saem…
Começam a sentir um nó na garganta, cada vez mais
assustados.
- Não lhes façam mal, ele é nosso filho – responde em
prantos a mãe.
- Vocês sabem muito bem que se eles saírem vão contar à
polícia e vamos todos presos. É isso que querem? Bem me pareceu que não – diz
um que parecia ser o líder do grupo.
- Temos de arranjar uma maneira de não lhes fazermos mal mas
eles não contarem a ninguém – responde o pai, tentando salvá-los daquela
embrulhada.
- Têm uma hora para encontrarem uma maneira de solucionarem
o problema. Caso contrário, teremos de lhes pôr um fim. É pena, tão novos… Uma
hora, nem mais um minuto. Só faltavam estes miúdos intrometidos para nos
fazerem perder tempo… - diz o líder, com voz autoritária, um homem com os seus
quarenta e tal anos.
- Ouçam, nós temos de ir ali mas daqui a uma meia hora
voltamos para falar com vocês. Até lá portem-se bem – diz-lhes o pai.
Abandonam a cabana e deixam-nos amarrados a duas cadeiras,
de costas um para o outro.
(Amanhã há mais. Já sabem onde têm de vir.)
(Amanhã há mais. Já sabem onde têm de vir.)
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