Abandonam a cabana e deixam-nos amarrados a duas cadeiras,
de costas um para o outro.
- Paula, eu quero dizer-te uma coisa. Já há muito tempo que
queria dizer mas não tive coragem.
- Eu também te queria dizer uma coisa, mas diz tu primeiro.
- Bem, eu… Amo-te, amo-te como nunca amei ninguém, és muito
especial para mim.
- Tão querido. Era isso que eu também te queria dizer. Pelos
vistos o sentimento era mútuo.
- Se sairmos daqui vivos aceitas namorar comigo? – e engole
em seco, como que à espera ansiosamente da resposta.
Ela pensa um pouco e sorri – Sim, pode ser.
- Ainda bem, por momentos pensei que não aceitasses.
- Por que não? Amamo-nos os dois, por isso…
Sorriem os dois, apesar de estarem naquela situação
problemática. Tentam pensar em como sair dali mas não encontram nada que possam
usar para escapar. Esperam, esperam, até que aparecem os pais com um outro do
grupo.
- Pronto, agora vamos pensar em como vos tirar daí sem
ninguém sofrer – diz a mãe.
- Isto está complicado, vocês vieram meter-se mesmo na boca
do lobo, onde não deviam. O que é que vieram cá fazer? – questiona o pai.
- Bem, eu sempre desconfiei de vocês porque andavam
estranhos… E depois… Depois aquilo do quadro e contei-lhe e… - diz o Cristiano
entre soluços e choro, de tanta aflição que estava a sentir naquele momento.
- Pronto, tem calma. Havemos de arranjar uma maneira. Mas só
se prometerem que não se voltam a meter numa destas.
- Prometemos – respondem ambos ao mesmo tempo.
Entretanto aparece o líder, junto com mais dois
“guarda-costas”, a avisar:
- Só têm 20 minutos. Se não encontrarem nenhuma forma de
ambas as partes saírem beneficiadas vamos ter de vos limpar o sebo. E vocês
terão sorte se não forem junto com eles, já perdemos muito tempo por vossa culpa
– apontando para os pais.
- Nós?? Nós ajudámos tanto…
- Mas agora já não nos servem de nada. Que tal ir a
familiazinha toda? – pergunta, piscando o olho a um dos que estava ao seu lado.
- Só se serviram de nós, não foi? – questiona a mãe do
Cristiano.
- Mulher perspicaz… Pena que para onde vão deixem de o ser,
é mesmo uma pena, não é? Ah e se tentarem fugir já sabem, teremos de agir de
outra forma – diz com um ar sinistro e tirando uma pistola do bolso do blusão.
Ficam todos aterrorizados.
- No que nos fomos meter – pensam.
Os homens saem do barracão e ouvem-nos dizer a outros dois:
- The boat is ready for ML?
- Yes.
A Paula pergunta então:
- O que é ML?
Num rasgo de clarividência o Cristiano solta:
- Mona Lisa, claro! Como não pensámos nisso?
- Sim, é isso mesmo – Confirma o pai.
- Então é mesmo a Mona Lisa que temos lá em casa? – pergunta
o rapaz.
- Tínhamos, eles já a foram buscar ao sótão. Colaborámos com
eles só porque estavam a dar um bom dinheiro e, sem emprego, se não
colaborássemos não teríamos dinheiro suficiente para nós os três, alguém teria
de passar fome e isso eu, como pai, não podia deixar. Amo-vos muito aos dois,
são as duas pessoas mais importantes da minha vida. – diz o pai, olhando para o
filho e para a esposa, sorrindo-lhes – Eles precisavam de um sítio para a
guardarem longe de qualquer suspeita.
- Plano bem engendrado. Não se esqueceram de pormenor nenhum
– diz a Paula.
- Bem, por acaso… Até se esqueceram de um pequeno detalhe.
Não nos andam a vigiar para ver o que fazemos. Podíamos aproveitar para ligar
para a polícia marítima – comenta o Cristiano.
- Mas eles topavam-nos logo, estão mesmo ali ao lado – diz o
pai.
- Eu tenho uma ideia. Talvez dê certo.
O Cristiano pede então para eles se aproximarem dele.
Conta-lhes a sua ideia e eles concordam.
- É a única hipótese que temos. Faltam menos de cinco
minutos para o fim do tempo dado pelo líder da quadrilha. Se não correr bem
morremos todos. Vamos a isto então – diz o pai do Cristiano.
(Prontos para a última parte do conto? Vai ser publicada em breve)
amei o teu blog :) continua muitos beijos
ResponderEliminarMuito obrigado. :)
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